quinta-feira, 19 de maio de 2011

Diáconos

por dom José Alberto Moura 

Os convertidos de origem grega apresentaram aos Apóstolos a reclamação de que suas viúvas eram discriminadas no atendimento. Os mesmos Apóstolos, percebendo que não podiam fazer o trabalho evangelizador e ao mesmo tempo o serviço social, instituíram diáconos para fazerem esta última tarefa (Cf. Atos 6, 1-7).

Há quase cinquenta anos do Concílio Vaticano II vemos recomeçado na Igreja o Diaconato Permanente, com a missão de promover no interno da comunidade eclesial e na sociedade em geral, o sentido do serviço aos mais necessitados. De modo especial os diáconos têm a incumbência do testemunho de vida cristã no matrimônio, no trabalho profissional e na ajuda à formação da comunidade eclesial. Seu trabalho é múltiplo e de grande ajuda para a formação da comunhão de vida e da ação evangelizadora da Igreja. Sua ação não se restringe à Liturgia, com a presidência do sacramento do batismo, a pregação da Palavra e a assistência oficial aos matrimônios. Mais: sua vocação é a de fortalecer a vida comunitária e liderar a promoção dos mais deixados de lado na comunidade e na sociedade.

A diaconia ou o serviço é a característica do testemunho e do ensinamento de Jesus: “Eu não vim para ser servido, mas para servir” (Mateus 20, 28). Ele não tinha nem onde reclinar a cabeça. Sua solidariedade com as pessoas marginalizadas foi total. A lição do Lava-Pés, a parábola do Bom Samaritano e todo seu ensinamento sobre o serviço aos mais humildes chamam-nos atenção para vivermos, como cristãos, de modo simples e serviçal. Quem assume o primeiro grau do sacramento da ordem, tornando-se diácono, caracteriza, para toda a comunidade, sua missão de viver sempre como humilde servo para realizar o bem aos outros em nome e por causa de Cristo. “Os diáconos permanentes” (cooperam) “no serviço vivificante, humilde e perseverante como ajuda valiosa para os bispos e presbíteros” (Aparecida 282). Quanto mais grau de incumbência recebida pela pessoa, seja nos outros graus do sacramento da ordem, seja nas outras vocações eclesiais de religiosos e leigos, mais ela deve se convencer a viver conforme o modelo de Jesus. Quem assume, em sã consciência e responsabilidade o compromisso do batismo, deve necessariamente procurar imitar o Filho de Deus, que só pensou e agiu para nos ajudar, sendo simples, pobre, desapegado e ocupado em promover o bem de todos, a partir dos mais fragilizados.

O Documento de Aparecida nos lembra a necessidade do discipulado e da missão. O seguimento a Jesus exige do discípulo amoldar-se a Ele e aceitar a levar seu Evangelho a todos. Isso se faz com a conversão total à pessoa do Mestre, com o exemplo de vida coerente com a fé, com o serviço ao próximo, como membro comprometido com a Igreja, com o diálogo e o ensinamento da fé aos outros. O diácono, conforme a prática de sua vocação, deve ser exemplo disso no seu contexto familiar, na comunidade eclesial e na sociedade, tendo proeminência na ajuda à comunidade para que ele seja comprometido com a opção evangélica preferencial pelos empobrecidos (Cf. Aparecida 396). Esta deve fazer parte da evangelização, que “envolve a promoção humana e a autêntica libertação ‘sem a qual não é possível uma ordem justa na sociedade’” (Aparecida 399).


Dom José Alberto Moura

Dom José Alberto Moura

É arcebispo metropolitano de Montes Claros. Foi presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Diálogo Ecumênico e Interreligioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de maio de 2007 a maio de 2011. Nasceu em Ituiutaba, Minas Gerais, em 23 de outubro de 1943. Pertence à Congregação dos Sagrados Estigmas de Nosso Senhor Jesus Cristo (CSS). Foi nomeado arcebispo metropolitano de MOC em 07 de fevereiro de 2007, tomando posse nesta Igreja particular em Missa Solene no dia 14 de abril do mesmo ano. Foi ordenado sacerdote estigmatino em 09 de janeiro de 1971.

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http://www.arquimoc.org.br/artigos.php?id=1218